terça-feira, 1 de julho de 2014

Desconstruído

Tem uma construção que vejo aqui da minha janela. Faz tempo que não ouço a música do Chico. Do compositor chegam as convicções do delírio, mas isso é coisa dele - a poesia, não, isso é coisa nossa! O céu está muito azul e, em vários momentos, a luz do sol e suas sombras fazem tudo se transformar em imagens lindas. Os pedreiros e ajudantes trabalham duro. Agora estão cobrindo o casarão com milhares de telhas. Daqui não vejo mãos calejadas, não sinto os corpos cansados, não sei a miséria que ganham, nem se têm mulher, filhos, nada. A vontade que dá é a de retratar as cenas, seja com câmera analógica, digital, em desenho ou em pintura. Não sei fazer nada disso. Ficam as imagens na retina da alma. Se fosse bilionário pagaria pelo que me proporcionam. Sou pobre e estou desempregado. Mas não gostaria de ser modelo ou inspiração para poesia subindo em construção e atrapalhando a vida.

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