quinta-feira, 3 de julho de 2014
Na madrugada
A fotografia estava num álbum que há muitos anos ele não via. Lembrou dela no meio da madrugada da insônia constante - e a imagem apareceu como se tivesse a poucos centímetros dos seus olhos. Ele então resolveu escrever para quem estava registrada ali. Ao enfileirar as palavras que saíam como se ele estivesse num transe, descobriu o quanto conhecia aquela figura esguia a percorrer decidida uma ladeira e tendo ao fundo uma floresta iluminada. As revelações da cena congelada no instante do clique feito feito por ele, na verdade não eram revelações, mas sim a explosão de tudo que tinha trancafiado na alma e não sabia. A caneta acompanhou seu pensamento. Quando terminou, estava exausto e muito, muito feliz. Mandou a carta no dia seguinte, na primeira hora. Não esperou a resposta, pois aquilo que fez era uma a mais pura e sincera declaração à filha distante.
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