terça-feira, 8 de julho de 2014

Um corpo na água

O corpo apareceu boiando na água límpida. Estava inchado e em decomposição. O primeiro que viu não acreditou naquilo. Ficou observando alguns detalhes. Não podia ver o rosto, mas prestou atenção nas orelhas que lembravam um personagem de seriado interestelar. O cadáver vestia uma jaqueta vermelha e a calça jeans era apertada nas canelas. Isso fez inchar ainda mais a parte visível até chegar à meia. O espanto do curioso foi passando com o tempo e ele resolveu não chamar a polícia por acreditar que não iam acreditar no que falaria ao telefone. Ele virou o corpo e levou um susto. O rosto era angelical - e não estava inchado. Lembrava o anjo de Morte em Veneza e a expressão era de que tinha morrido feliz. Um suicídio? Talvez. Então a testemunha pegou o copo e derramou o líquido no rio caudaloso. O corpo deslizou devagar e seguiu boiando, agora em águas barrentas. O copo foi lavado e colocado no escorredor. Ficou ali por um bom tempo até que outra pessoa o pegasse para tomar água. Nunca mais apareceu um cadáver naquela casa.

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