Não foi uma briga qualquer. Era definitiva. Ele bateu a
porta com tanta força que a maçaneta voou. Mais um casamento no ralo. Teve
vontade de socar a parede, mas se contentou em espatifar o aquário no chão.
Depois pegou o peixinho de rabo vermelho e colocou num copo com água filtrada.
Estava melhorando. No primeiro casamento deu um tiro na mulher e acertou um
filtro. Ainda bem. Foi o primeiro. O que acabara agora era o quinto. Pegou a
ruazinha e cismou de andar até não dar mais. Embaixo no viaduto na saída da
cidadezinha entrou no bar. Pediu a “poca-ôio”, uma mistura de álcool com
metanol. Tomou tudo de um gole. Sentiu tudo queimar. Do céu da boca às paredes
do estrômbo, como falava. Andou um pouco e começou a incorporar o inferno na mente. Mirou a estrada e viu uma curva. Parou, sentou, se encostou
numa cerca e disse: "O certo, na curva, se perde. O torto, se deita. Nem certo,
nem torto, sigo reto em linhas tortas". Não sabia de onde vinha aquilo. Nem
ficou sabendo. Caiu para o lado e só foi acordar porque levaram-no de camburão
para casa. Ele olhou a porta. A maçaneta estava lá. Quando entrou na sala, viu
o peixinho no copo. No outro dia comprou um aquário maior que o antigo
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