segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Pilhado

Não lembra quando foi a primeira, mas depois de um mês estava engolindo pilhas como se fossem pastilhas Valda. Pode ter sido uma coincidência, mas quando a primeira caiu no estômago ele achou que sentiu uma melhora significativa na vida - que era medíocre até então. Começou a ler os clássicos e bula de remédio. Passou a correr todo dia e chegou a fazer cinco quilômetros sem colocar os bofes pra fora. Banho, tomava três. Apareceu uma mulher que dizia estar doidinha para fazer sexo com ele, coisa que não acontecia desde que foi levado pelo pai para perder a virgindade num puteiro. E a transa dos dois parecia coisa de cinema. A pilha! Ele passou a engolir duas por dia. Certo, era do tamanho palito, mas os resultados começaram a fazê-lo sonhar em mandar para dentro uma do tamanho grande - e de longuíssima duração. Foi o que fez depois de passar um final de semana como se estivesse no paraíso. Os socorristas chegaram o mais rápido possível. Ele não morreu. Mas a pilha do gato ficou entalada no meio da garganta.A vida dele ficou pior do que era antes de engolir a primeira.

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