terça-feira, 12 de agosto de 2014

Noite no rio da floresta

A viagem foi longa. De São Paulo a Cuiabá em ônibus toco duro. De lá, carona em caminhão que atolou na estrada para Porto Velho. Uma semana de lama. Depois, barquinhos pelo Rio Madeira para chegar a Manaus, com paradas em vilarejos onde padre só era visto uma vez por ano - e todos pareciam liberados para pecar enquanto aguardavam o homem de batina. Aí ele entrou no barco com a mochila nas costas e um saco de dormir e ficou oito dias ali dentro, na imensidão do rio no meio da floresta. Esperava algo, que não sabia o que era. Apenas tinha uma certeza: sua alma estava nas trevas e ele carregava o peso do mundo. Nem o transatlântico com luzes de Felini no meio da noite conseguiu levar para longe aquilo que o oprimia. Até que, de repente, numa virada de rosto, ele viu a lua clara na noite escura. Era o que procurava sua alma obscura.

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