terça-feira, 26 de agosto de 2014

Revolução animal

Foi tudo muito rápido. Um cavalo relinchou para o outro e começou a revolução nas baias. Ali estavam cerca de cem animais tratados com a melhor ração e atendimento veterinário de primeira categoria. O problema, segundo os cavalos, era o dono deles. Um ditador de república de bananas que chegara ao poder pelo voto dos miseráveis, a quem sempre enganou como se fosse o novo messias, e nunca mais saiu porque sua guarda pretoriana era uma das mais sanguinárias do planeta. Os Tonton Macoute do Haiti perto deles eram coroinhas com asas de anjo. Os cavalos traçaram os planos durante as madrugadas. De baia para baia a estratégia foi passada e repassada. Até o dia em que o ditador resolveu cavalgar bem cedinho. O animal escolhido sabia o que fazer, assim como qualquer um que tivesse a honra daquela escolha. Longe da vista de todos, derrubou o líder do povo e o pisoteou até que o corpo se transformasse numa pasta de sangue, ossos e músculos misturados. Então relinchou e empinou as patas da frente - em comemoração.

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