quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Influenciável
Era influenciável, como um dia ouviu alguém sentenciar. Era mesmo. Ficou com aquilo como uma sombra por dentro e por fora a lhe seguir na caminhada. Lia muito e cada herói escritor que lhe abria as portas através de uma biografia, era como se ele sofresse tal qual. Por isso ao entrar na vida de Chandler, Ray, para os íntimos, viu o pai alcoólatra esgarçando o tecido da convivência com a mãe, as cenas de violência, as mudanças de estado, a ida para a Irlanda, depois para a Inglaterra, os estudos dos clássicos. E tudo isso sob o olhar de Marlowe, o detetive que o escritor criaria anos mais tarde e se tornaria Humprey Bogart para sempre. O álcool também entrou na vida dele, como a do seu ídolo. O álcool também entrou na vida do pai dele, como no pai do ídolo. Só não houve a violência, não houve Estados Unidos, Europa, colégios onde o mundo se abria. Era brasileiro. Misturou tudo, influenciável que era, e se salvou, criando o próprio personagem.
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