segunda-feira, 1 de junho de 2015
A lua e eu
A lua grudou o olho em mim. Fiquei olhando direto para ela na noite fria e me veio a ideia de que era mesmo um olho. Tão lindo e luminoso que foi feito para encantar. Encantar e distrair do resto do seu corpo, que é o universo do escuro da noite. Não, eu não vi estrelas nessa noite em que parei hipnotizado por ela – e como estava andando sem rumo pelas ruas da cidade vazia, de repente o olho da lua se postou acima de um cartaz onde um casal se beijava. Aí eu pensei na lua cantada pelos poetas enamorados, mas logo veio a imagem do lobisomem e fiquei temendo pela mocinha. Não aconteceu nada e também não vi São Jorge porque tinha esquecido os óculos “de longe”. Nessa noite esqueci que a luz da lua ela recebe do sol, porque ela é prata doce e seu raio banhando as águas do Rio Amazonas, no meio da floresta, foi algo que já vi mas não não dei tanta importância como agora. É que naquela noite há muitos anos minha alma estava nublada. Mesmo assim, ficou na retina e hoje, ao ver este olho na cidade grande, eu enxerguei de novo naquela imensidão de silêncio. E descobri que o corpo que envolve esta lua está aqui dentro – e sou eu e é você e somos nós, mas só os que conseguem vê-la.
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