segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

João e Maria na cama de Philip Marlowe

João e Maria na cama que foi de Philip Marlowe e da loira ricaça com quem casou e foi a Poodle Springs pelas letras de Raymond Chandler. O colchão era maior que uma quadra de basquete e  Dalton Trevisan poderia escrever oito mil romances de uma linha no lençol que a cobria. Chega de saudade ao som do din-don do João. O calor parecia estar fazendo mal ao poeta que queria ser mais absurdo que Zé Limeira. Ele viu um raio cair em câmera lenta e então pegar a Pentax 6x7 que não tinha filme. Clicou e o barulho da engrenagem lembrou Carlitos passeando dentro da máquina em Tempos Modernos. O que vem depois da internet? Ele foi atropelado por tudo isso só porque puxou fumo para ouvir Pink Floyd, tomou ácido para seguir a canhota de Hendrix e cachaça para saber que Tonico e Tinoco fizeram um programa de rádio na beira da tuia. Agora falam uma língua que ele não entende e grudam os olhos em telas, telinhas e telões. Ele foi ao saravá e fez um descarrego. Aí pegou tudo e colocou na bolsa boliviana que usava nos anos 70. Abriu e desmaiou.

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