terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Loucuras de loucos

Ele estava acuado no canto de uma salinha. Babava, mas o mais impressionante eram os olhos - esbugalhados. Segurava uma cadeira acima da cabeça. Se chegassem perto, gritava que ia rachar a cabeça do primeiro que encostasse. Dez minutos antes chamaram os mais loucos ali no pátio do Pinel. Para segurar o outro que chegava. Disseram que ele estava louco. Os mais loucos se olharam e começaram a rir. Foram lá. Ficaram na porta até ele dar a primeira piscada. Um baixinho voou no peito dele, outro segurou a cadeira, o resto cercou, deitaram o louco no chão e o imobilizaram segurando pernas, braços, ombros. Ele olhava dentro da alma de cada um e dizia que ia matar. Os que estavam ali não se incomodaram porque tinham passado anos desafiando a morte - e ela não os fez desparecer. Aplicaram uma injeção de amansa louco. Levaram, amarraram numa cama e, poucos dias depois, ele estava no pátio ao lado dos outros, esperando a hora de ir embora - porque louco que é louco é logo solto.

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