terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
Rico e mijado
Me levaram para ver o homem mais rico da família. Ele morava numa casa caindo aos pedaços. A mulher dele parecia saída de um conto de fadas - ela era a bruxa, de tão acabada, coitada. Em volta do casebre as terras dele eram imensas, tanto que não se enxergavam os limites para qualquer lado que se olhava. E havia gado, muito gado. Ele tinha os olhos de um verde-mar impressionantes. Barba por fazer, um chapéu de couro bem velho, uma camisa desbotada e sem botões, e uma calça de pijama do tempo da guerra da Coréia. Estava todo mijado. Nunca tinha ido à cidade para se consultar com médicos. Não acreditava nisso. Para se curar de qualquer dor, tomava garrafadas de uma curandeira da região. Seu prazer era olhar o que tinha. Era o mais avarento de toda sua raça. Quando morreu, anos mais tarde, os filhos destruíram em pouco tempo todo o patrimônio. Mas enquanto ele estava vivo, tudo aquilo era dele - e era isso que o sustentava.
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