quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Redemoinho

Matava os bichos, ateava fogo às plantas e árvores, martelava, cortava, massacrava o que achava ser vivo. Cinco anos de idade. Pouco tempo depois começou a andar de bicicleta, acelerava a moto do pai, dirigia o carro. Trocou de colégio várias vezes porque não conseguia parar para prestar atenção - e uma rebeldia incontrolável ia se formando dentro do corpo que começava a tomar forma no judô e na natação. Não baixou o fogo e se gabava do tamanho do pinto. Quando a família se deu conta não conseguiam mais controlá-lo. Bateu na mãe, no pai, enganou meninas sonhadoras com uma conversa mansa, odiava gays, amava carros e motos, menosprezava as mulheres. Quase morreu num acidente de moto. Ficou com um braço paralisado, mas não ligou. Fugiu como o diabo da cruz do psiquiatra. Incendiou um colégio interno. Era um caso perdido até que descobriram o motivo para tudo. Um redemoinho no cabelo - bem na frente da cabeça, acima da testa. Era a imagem do furacão. Mandaram raspar a zero e passaram navalha para fazer desaparecer. Então o anjo de verdade que ele tinha trancado, tomou conta de tudo.

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