quarta-feira, 18 de novembro de 2015
A luz no fim do cais
Ele é como aquela luz que descreveu na noite escura do cais. Um foco apenas lá no fundo da escuridão e de sua solidão. Me apareceu pelas mãos de uma irmã, vizinha, grande artista também - mas da vida. A luz se apagou faz tempo, aos vinte e poucos anos - mas como iluminou! Aqui, no Rio de Janeiro, para onde foi jovem com a força de sua inventiva literatura. O Vampiro nunca o esqueceu. Ler também suas críticas, tanto literárias como à sociedade da cidade provinciana onde nasceu, é como receber a carga da indignação contra a boçalidade, a burrice travestida de sabedoria. Aquela luz no cais foi mostrada como se ele tivesse convocando os leitores a acompanhá-lo na jornada para dentro da alma. O mistério do oceano que começava ali, as outras terras, as pessoas que passeavam de dia sem perceber nada disso, os cheiros. Em tão poucas linhas a arte em seu momento sublime de colocar em nossa alma aquilo que nem ela sabia direito o que era. Newton Sampaio.
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