quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Escrito a Sangue

De Ademir Assunção


ruas escuras 
atravessado 
eu atravesso 
reviro o avesso 
nele me meço 
olho de lince 
encaro a face da fera 
espelhos se estilhaçam 
rasgam minha cara 
cai a neblina do vazio 
frio na barriga 
pago o preço 
erva bola cogumelo 
volto ao começo 
escapo com vida 
desconverso 
verso escrito a sangue 
desapareço 
quanto mais 
menos 
me pareço 
eco de bicho homem 
ego sem endereço 

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