quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Na cabeça

Tá, foi um sonho, mas... e daí? De repente estava numa festa do político poderoso e que fala bonito. Era numa cobertura de dois mil metros quadrados e o povo que estava lá parecia ter sido treinado para falar baixinho. Eu não conhecia ninguém, só o anfitrião - e da televisão, jornais, campanhas, essas coisas. A coisa ali era estranha porque não havia música e como todo mundo falava baixinho, se colocassem um caixão com cadáver ali no meio da sala com piso de mármore, o velório ficaria perfeito. O dono da casa não se misturava. Dava para ver ele no terraço, olhando a cidade iluminada. De vez em quando se virava e dava um sorriso forçado. Não me serviram nada - nem água. De repente todos resolveram ir embora e eu fiquei sozinho. Quando tentei sair, apareceu o político. Agradeceu minha presença, esticou a mão, notei uma aliança de brilhantes e, ao voltar o olhar para o rosto dele, notei que ele estava de bobes na cabeça e um lenço amarrado em volta, como uma Maria da Vila. Parecia a coisa mais normal do mundo. E era. Um sonho. No outro dia dei de cara com ele na vida real, numa foto de jornal. Olhei bem para os cabelos.

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