quinta-feira, 12 de maio de 2016
Cavalo azul
Meu cavalo é azul. Ele é paciente. Me espera há muito tempo sem reclamar. Está alimentado. Fica no tempo, mas é protegido por uma manta. Quando faz sol, ela é retirada. Meu cavalo, quando montado, pode empinar, se não for bem controlado. Ele não precisa ser cutucado ou receber incentivos tipo “eia” ou “aiô Silver”. Basta um bem decidido toque com a palma da mão direita e ele sai comendo espaços e cortando o tempo. Meu cavalo nunca viu Marlon Brando em Asfalto Selvagem, mas se considera descendente direto da raça Indian. Não é puro sangue, mesmo porque sua origem é japonesa. O azul da pele dele é forte – e quando o sol bate parece um céu fotografado com filtro para esquentar a cor. Ainda não batizei-o e, na verdade, ele é feminino. Meu cavalo saiu da fábrica com denominação XT. Cavalo de Aço foi uma telenovela do tempo da televisão em preto e branco. O dono do meu cavalo, que sou eu mesmo, lembra disso, mas prefere o filme Sem Destino por causa da cena do relógio jogado fora e da trilha sonora. Meu cavalo sonha com longas viagens e já ouviu a história do motociclista que ia conhecer os lugares que via nas telas do cinema. A local onde está a pedra de Zabriski Point foi um deles, no meio do deserto. Isto obrigou o destemido pilotar com pedras de gelo dentro do capacete. Meu cavalo azul é sonhador. Pegou a doença daquele que sempre está olhando-o com carinho. Por isso espera a hora de tudo se tornar realidade.
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