terça-feira, 3 de maio de 2016
Sangue na tela
Começou com as quedas seguidas do aparelho celular. Uma delas trincou um canto da tela. A máquina não deixou de funcionar, mas um dia escorregou do bolso e ficou numa posição no banco do carro - e deflagrou. O peso do corpo estilhaçou. Ao passar o dedo, um estilhaço furou a pele e uma gota de sangue adentrou ao sistema e espalhou. A tela fez lembrar o filme Inverno de Sangue em Veneza, com a lente sendo inundada pelo líquido vermelho. Virou coisa aterrorizante. Todas as pessoas conhecidas se assustaram ao notar a invasão dos glóbulos. Ninguém sabia que era o sangue do meu sangue. Alguns jogaram fora suas máquinas, mas as novas que compraram também eram invadidas assim que o chip era encaixado. Alguém quis sugerir reportagem ao Fantástico. Fiquei quieto. A origem daquilo era um segredo só meu. Troquei o vidro, coloquei uma proteção e passei um tempo tranquilo até o dia em que recebi um telefonema - junto com a mesma invasão. Tinha acontecido com um amigo. Gostei do que vi. Agora faço fotos pensando em como ficarão com tal filtro.
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