terça-feira, 10 de maio de 2016
Verniz
De onde veio este verniz de tristeza que desligou as turbinas da minha anormalidade? De repente me vejo sensível apenas para as coisas que me afetam, mas não tanto como antes, quando eu chutava o balde e logo depois me arrependia e o sol voltava a raiar no horizonte do Brasil. Liberdade, liberdade é o caralho! Acorrentados somos a nós mesmos e não há controle, apenas disfarces, performances, ilusões, cabeçadas, tentativas, uivos, dentes arreganhados, lágrimas escondidas. Verniz? Poderia ser um manto, não o sagrado, mas a mortalha que um dia vai cobrir tudo como a pálpebra fechada para sempre - e a merda é que não vamos ouvir as mentiras ditas pelos outros. Textos editados e a verdade jogada num lixo - para não ofender o defunto. Vivinho da Silva e perdido no labirinto, disparo sinalizadores à procura dos deuses. Os livros, contudo, não se abrem, mesmo porque sem saco para ler. Aperto o botão que liga a tela. Pasolini me faz rever Salò ou os 120 Dias de Sodoma. Cortam a língua de alguém. Durmo. Acordo com um passarinho na janela. Respiro e sigo.
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