Súbito me lembro de um antigo telefone.
Seu número irrompe em minha memória
e não sei de quem é, nem quando nem onde,
sei apenas que é um endereço que dói.
Disco sem esperança estes dígitos antigos
e então ouço chamar numa casa no tempo
à qual me prendo pelo cordão do umbigo
que não pôde ser cortado a contento.
Através de um fio imaterial me religo
às ruínas de uma infância só mito.
Do outro lado, alguém atende o telefone
e a voz que me chega por este conduto
é a da criança que tem o meu nome,
é a que perdi quando me tornei adulto.
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