quarta-feira, 8 de junho de 2016

Autorizado pela mãe

Falar palavrão é uma coisa, xingar é outra. Mãezinha, que está no céu, uma santa, falava cu seiscentas vezes por dia. Coisa de nordestina arretada. E dizia com aquela cara triste, que não mudava nem se quem estava ao lado dela se rolava no chão de tanto rir. Cu da gota, cu da serena, cu de loca, cu da peste, cu da bobônica... E se encontrava na rua alguma mocinha de calça ou saia apertada, daquelas que tem as nádegas adernadas para o centro, repetia um dos seus clássicos: "Lá vai ela com o cu abotoado". Sempre achei, portanto, que estava liberado para disparar os meus palavrões em qualquer lugar, a qualquer hora, porque minha mãe autorizou, mesmo sem documento assinado. Foi ela,aliás, que, na minha tenra idade, me batizou para o que desse e viesse. Ao olhar pra mim, criancinha de cinco anos, decretou: "Mas não é que esse meu filho tem uma cara de puta santa..."

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