quarta-feira, 15 de junho de 2016

Paçoca

Acabei de comer uma e, como das outras vezes, veio a expressão: firme na paçoca. Como firme? Por que? Paçoca que é boa desmancha até antes de chegar à boca. Lá dentro se dissolve e a sensação é muito boa. Doce. Firme na paçoca. Estava há um mês dentro do quarto, trancado, vendo direto tudo o que o Telecine podia me dar. Se pudesse, só deixaria os olhos de fora para me anestesiar com qualquer filme - daqueles de kung fu até os melodramas xaroposos. O que eu não podia era pensar - se é que estava pensando nesta fase negra. Aconteceu de eu acordar um dia e achar que não iria conseguir nem levantar. Lembrei do livro "O demônio do meio-dia", onde o autor, que descreve sua crise forte de depressão, tem que se arrastar até o banheiro para tomar banho, apesar de estar há dias fedendo e ter consciência de que deveria se limpar. É assim. Eu até que ia ao banheiro, afinal, estava a dois passos da cama na suíte do apartamento, mas o pavor de tudo era terrível. Passou, sim, a custa de remédios e terapia - mas foi pesado. Durante o tempo todo  os amigos ligavam e alguns perguntavam seu eu estava firme na paçoca. Eu pensava um pouco e dizia que sim. Tinha a ver.

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