Conhecia muitos poderosos pela profissão que exercia. Desde sempre funcionário público concursado, eficiente, discreto, profissional, enfim. No palácio era chamado nas horas mais difíceis porque inteligente, rápido nas decisões que apontavam caminhos para saídas que não deixavam manchas no currículo do chefe - e muito menos no poder. Ele fazia isso pensando apenas nos interesses do Estado, e porque sabia que qualquer turbulência acabava prejudicando aqueles que tinham colocado aqueles senhores aparentemente sérios no comando de tudo. Até que um dia presenciou cena bárbara, que não cabe aqui relatar, tal a baixeza, a podridão, o mau-caratismo de quem a praticou. Resolveu ele mesmo denunciar tudo. O escândalo fez a casa cair, como se falava no bairro onde morava. Acabou ele também sendo exonerado mais tarde, pois os novos "patrões" não confiavam mais em seu trabalho. Um dia lhe perguntaram porque tinha feito aquilo. Respondeu de forma enigmática: "A mente não mente. O dono é quem manda mentir".
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