quinta-feira, 16 de junho de 2016

Mato

A casinha era pequena, mas jeitosa. Na frente e atrás havia terra suficiente para dois jardins, um ou jardim e uma horta. Nunca fiz nada porque, mais do que achar um saco o cultivo e o trabalho para preservar tudo. sempre fui da opinião de que mato é lindo. Ele não precisa de cuidados especiais. Aliás, não precisa de cuidado algu. Nasce, cresce e sobrevive como manda a natureza. A variedade de espécies é enorme - e, ao crescerem, as plantas vão se entrelaçando como numa enorme suruba vegetal. A chuva lhe dava o alimento água e o sol incrementava o crescimento, além dos adubos naturais do subsolo. Eu olhava aquilo e sentia prazer. Os vizinhos, não. Achavam que aquilo poderia juntar bichos peçonhentos ou algo assim. Coisa de doidos. Um dia fui mandado embora do trabalho. Me tranquei em casa para meditar. Não sei quanto tempo fiquei. Ao tentar sair, não consegui. O mato lindo tinha engolido a casa. Fechei a porta e fui dormir. Poderia ter aberto caminho até o portão da frente ou a um dos muros de trás para sair. Mas achei que se eu cortasse aquelas plantas maravilhosas elas iam chorar. Fiquei ali. Estou aqui. Sem cachorro. 

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