sábado, 27 de julho de 2013

Dinheiro

Trinta dinheiros nunca aceitou. Mas queria ver. Isso! Olhar uma quantidade que nunca ganhou na escravidão que era sua vida. Trabalhava e recebia, trabalhava e recebia. Cartão de ponto picotava. Um dia conheceu alguém que era do time dos bacanas. Fizeram amizade pela amizade. E ele pediu. Queria ver ao vivo aquilo que só aparecia na tv quando mostravam a Casa da Moeda imprimindo e estocando. Fez uma exigência, contudo. O monte tinha que ser do mesmo tamanho daquele que apareceu na foto com Emerson Fittipaldi sentado em cima, quando este ganhou as 500 Milhas de Indianápolis. O outro pediu um tempo. Passou o tempo e veio o encontro. Era uma pilha encostada numa parede de um bunker particular. Os maços com notas de cem pareciam empilhados como os tijolos que via nos terrenos das casas da vila, comprados aos  poucos pelos donos que queriam aumentar o casebre. Olhou, colocou a mão, cheirou e confirmou que aquilo era muito podre.

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