quarta-feira, 3 de julho de 2013
Identidade
Identidade. A maioria fala que tem uma. Não tenho nem o documento, aquele do RG. Esqueci embaixo de um balcão de boteco na avenida São João, longe da esquina com a Ipiranga. A madrugada merecia sempre um trago, depois outro, depois outro, para enfrentar a distância até o navio negreiro, ônibus a transportar os farrapos humanos para as quebradas do mundaréu. Identidade como, se o DNA é mais misturado que a gororoba que vai na marmita amassada? Brasileiro, sim, porque a mistura é das boas, começando pela marginália importada de Portugal no começo de tudo. O estupro, portanto, era inevitável, e daí tudo e todos fomos saindo no grande parto. Então se criaram as grandes ratazanas, os anjos, os idiotas, os gênios, a nação. E eu, sempre pronto para a abordagem policial e as algemas para algemar as algemas.
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