segunda-feira, 15 de julho de 2013

Uirapuru

Então eu assobiava o canto do uirapuru que ouvia sempre na abertura de um programa de rádio. Não. Ela dizia que não era daquele jeito e assobiava do jeito dela. E isso ficou bonito porque, embora um não concordasse com o outro, no meio da vida, no meio do nada, em qualquer lugar, na rua, na chuva, na fazenda, um começava e o outro emendava, ou remendava. O disco do ornitólogo famoso estava à distância de um braço. Mas... para que ouvir e terminar com aquele dueto incompreensível e compreensível? Foi assim que, numa manhã de inverno, ao raiar do dia, ouviu-se o canto do pássaro. Não as sabiás ou bem-te-vis ou quero-quero ou canários da terra que sempre faziam espetáculo. Era aquele! Os dois então ficaram em silêncio ouvindo um canto mágico e bem diferente do que tentavam imitar.

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