terça-feira, 10 de setembro de 2013
Encontro
Ele encontrou na menina loira os mesmos medos sem explicação. E compartilharam sem trocar uma palavra sobre isso. Ele tem a foto da primeira comunhão dela. Anjo dentro da nave, vela acesa e um rosto iluminado por ser assim mesmo. Inteligência faiscante e muito mais rápida do que o mais rápido dos computadores que ainda não inventaram. Se encontraram através de outro encontro. Ela ficou na dela e ele na dele, mas juntos pelo silêncio do entendimento. Quando trocavam palavras, eram definitivas, porque um sabia o que o outro sabia - e a isso se chama amor. Até pelo mesmo time eram apaixonados. E ele, cansado de tantos jogos na vida, ficava esperando a torcedora voltar dos estádios para lhe resumir em uma linha o que foi a partida. E como ela entendia deste mistério chamado futebol! Quando a arte do jogo jogado pelo time dos dois aparecia, de forma rara, ela não esperava ser procurada para contar. Procurava-o no entusiamo do coração pulsando de alegria pelo melhor do universo. Ele a olhava e tinha mais coragem de enfrentar demônios antigos e novos. Um dia chorou bem baixinho porque ela teria de ir até ali e voltar só um tempo depois. Um oceano de mar azul os separaria. Um infinito de situações e sentimentos os uniriam mais. Ele então abriu as asas do coração e seguiu antes, para aquele canto do outro lado do mundo. Continuou protegendo-a. E não precisou declarar. Porque sabia que ela sabia, pois foram feitos para o encontro no silêncio da vida.
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