sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Tiros certeiros

Cuspi porque não havia outro jeito. Venci todos os medos e o fato de nunca ter brigado na vida. Cuspi com força e acertei bem entre os pés do fulano. No meio. Vi até uma poeirinha levantar, como se fosse numa cena em câmera lenta do Sam Peckinpah. Ohei nos olhos dele. Impassível. A frase todo mundo conhece, mas... vamos lá: quando este cuspe secar, eu vou te matar. Ele riu com a segurança que eu jamais tive. Ficamos ali parados. O sol estava forte. Começo da tarde. Ele deu um passo para trás. Não queria fazer sombra para aquela poça de cuspe. Então me preparei para o desfecho. Ou eu ou ele ia para a casa do chapéu, como a gente dizia. O mundo em volta não existia. Ouvi um latido de cachorro, mas era tão distante que parecia vindo de outro planeta. Secou! Ele puxou a arma. Eu puxei a minha, prateada, cabo vermelho. O gatilho mais rápido foi o meu. E a espoleta funcionou. A dele, não. Logo depois do estampido ele levou a mão ao peito e caiu. Andei devagar. Cheguei perto e disse: ganhei. Ele tirou o cinturão e me deu com a cartucheira vazia. Peguei o revolver preto de cabo branco da mão dele. Era da marca Estrela, como o meu. Olhei o lugar onde tinha cuspido. Tinha uma marca. Tiros certeiros, pensei.


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