segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Rango

Com o macarrão ele forrou o prato. Bem forrado. Depois jogou o feijão preto em cima e a massa sumiu na escuridão. Aí a abobrinha compareceu dando o tom verde à instalação. O dono do prato segurava-o com a mão esquerda e ia colocando as camadas com a eficiência de um artista. A quirela ele espalhou. Com o arroz ele exagerou e alguns grãos foram ao chão. Ele pisou e esfregou. Nada de salada. Foi para a mesa e ficou esperando o bifão que pousou ali como uma nave, uma coroa de rei. Aí, aconteceu. Com uma técnica absurda, ele conseguiu revirar e misturar tudo sem deixar cair nada. Fez mais! A cada garfada engolida (ele não mastigava), revirava tudo de volta - sempre no mesmo sentido, partindo do lado mais próximo do seu peito e escorando a massaroca com o garfo. O bife aparecia e desaparecia, mas ia diminuindo porque, depois da garfada, ele cortava um pedação e comia. Não bebeu nada. Ao final, limpou a boca com barra da camiseta puída, prato limpinho à frente, e foi ao balcão pagar. Nove reais pelo rango.

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