quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Andaime do amor

Amou daquela vez como se fosse a primeira. O problema era a saída. Estava no quarto da princesa e o pai era uma fera, como só acontece em título que rima com donzela. Seus olhares tinham se encontrado na quadra do colégio, competição de voleibol, ele jogador, ela torcedora, classes diferentes. O cupido foi uma bolada que ele levou no peito porque simplesmente parou quando foi flechado pelo olhar dela. A menina riu. Ele ficou alisando a marca vermelha na pele durante toda a noite. Se encontraram, começaram a namorar, ela não podia sair de casa, ele viu o andaime da reforma no prédio, marcou hora na madrugada, subiu, entrou, aconteceu tudo como num filme mudo, ele saiu. Para descer foi mais difícil. Quando estava no segundo andar, tudo começou a balançar. A menina soltou um grito lá de cima. O pai acordou. O menino estava pendurado, se agarrando com toda força para não despencar. De repente a estrutura sossegou. O paizão ajudou o menino a descer. Se apresentou. Perguntou o que estava fazendo ali àquela hora. O menino contou. O pai gostou da ousadia. Convidou-o para um café. Tomaram. Apresentou a mulher dele. O menino agradeceu a tudo e prometeu voltar sempre. Quando saiu, com beijo de despedida e tudo na sua amada, o casal foi para a cama. O pai virou-se para a mulher e suspirou: "E eu que pensava que ela ia ficar para a titia".

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