segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Depois da subida do morro

As casinhas penduradas no morro eram coloridas. Ele via favelas todo dia no trajeto para o trabalho. Morava no Rio de Janeiro, mas aquela foto entrou na sua retina como um aviso que vinha lá de longe, como se ouvisse um chamado que não sabia explicar. Foi atrás. A cidadezinha no Interior do Nordeste ficava no fim de uma longa reta que terminava no pé do tal morro. Ele subiu e os olhares daqueles moradores pobres eram de espanto. Ele era branco como leite e usava roupas muito coloridas. Foi vencendo a ladeira na esperança de que um sinal, qualquer um, surgisse para lhe indicar o que não sabia. O sol torrava seus miolos. As casas foram rareando. O caminho seguia até o topo. Lá em cima ele parou, limpou o suor da testa com as costas da mão direita e, então, viu a árvore com uma sombra convidativa. Foi lá, sentou, encostou-se no tronco. Aí ouviu um canto, um lamento. A voz emitia palavras numa língua que ele nunca tinha ouvido. Seguiu o som. Descobriu a aldeia dos índios. Não teve medo. Ao vê-lo, os que estavam ali pararam o que parecia ser uma cerimônia. Os Xucurus tinham conseguido!

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