quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Oxítonas



Jiló
Fiofó
Queria ser poeta, mas era viciado na oxítona por causa do nome da figura gramatical. Nos últimos tempos começou a lembrar das aulas do ginásio e do professor de português. Porque era um negão muito parecido com o Joaquim Barbosa. O nome, contudo, era mais pomposo: Herculano. Ele tirou a paranoia da língua, mas esqueceu de incentivar a leitura. Era um técnico muito bom, mas não tinha o dom de levar o povo a sambar no texto - e isso só seria possível com a leitura dos mestres da bateria da literatura universal. Herculano, sem querer, matou os poetas, estes que fazem parte de um outro mundo, pois exprimem os sentidos. Ele, o aluno, foi comer letras nos jornais, nas revistas e depois nos livros, cuja paixão veio de mansinho como a maré na madrugada. Gostou, mas nunca conseguiu escrever o poema que espantaria todos os demônios. Ó, que dó!

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